Antes de tudo, convém relembrarmos a condição que caracteriza um conjunto como subespaço vetorial, consoante a definição a seguir:
Dado um espaço vetorial \( K \), dizemos que o conjunto \( U \subset K\) é um subespaço vetorial de \( K \) se, para quaisquer \(u, v \in U\), \( w = \alpha u + \beta v \) é tal que \( w \in U \hspace{0,15cm} \forall \hspace{0,15cm} \alpha, \beta \in \mathbb{R} \). Isto é, qualquer combinação linear de elementos de \( U \) continua pertencendo a \( U \)
Em particular, nosso candidato a subespaço é o conjunto \(V\) composto por todas as sequências \( \{ x_n \} \) de números reais tais que:
\( x_{n+2} + nx_{n+1} - (n-1)x_{n} = 0 \hspace{0,5cm} (1) \)
Tome, então, 2 elementos arbitrários de \(V\) . Isto é, sejam \( \{ y_n \} \in V \) e \( \{ z_n \} \in V \). Aplicando a equação \( (1) \) para essas sequências, temos:
\( y_{n+2} + ny_{n+1} - (n-1)y_{n} = 0 \hspace{0,5cm} (2) \)
\( z_{n+2} + nz_{n+1} - (n-1)z_{n} = 0 \hspace{0,5cm} (3) \)
Considere, agora, \( \{ w_n \} = \alpha \{ y_n \} + \beta \{ z_n \} \), \( \alpha, \beta \in \mathbb{R} \). Ou seja, o termo típico dessa sequência é dado por
\( w_n = \alpha y_n + \beta z_n \hspace{0,5cm} (4) \)
Nesse sentido, nosso objetivo é mostrar que \( \{ w_n \} \in V \). Para isso, vamos analisar a seguinte expressão:
\( w_{n+2} + nw_{n+1} - (n-1)w_{n} \hspace{0,5cm} (5) \)
Se \( \{ w_n \} \) pertencer a \( V \), a expressão acima deve, consoante a equação \( (1) \), ser igual a zero. Para notar isso, comecemos substituindo \((4)\) em \( (5) \):
\( ( \alpha y_{n+2} +\beta z_{n+2} ) + n( \alpha y_{n+1} +\beta z_{n+1} ) - (n-1)(\alpha y_n + \beta z_n) \hspace{0,5cm} (6) \)
Rearranjemos os termos de \( (6) \), separando os componentes de \( \{ y_n \} \) e \( \{ z_n \} \)
\( \alpha y_{n+2} + n \alpha y_{n+1} -(n-1) \alpha y_{n} + \beta z_{n+2} + n \beta z_{n+1} -(n-1) \beta z_{n} \)
\( \alpha [y_{n+2} + n y_{n+1} -(n-1) y_{n}] + \beta [z_{n+2} + n z_{n+1} -(n-1) z_{n}] \hspace{0,5cm} (7) \)
Agora basta substituir \( (2) \) e \( (3) \) em \( (7) \) :
\( \alpha 0 + \beta0 = 0 \)
Ou seja, mostramos que:
\( w_{n+2} + nw_{n+1} - (n-1)w_{n} =0 \)
\( \Rightarrow \{ w_n \} \in V \)
Portanto, como qualquer combinação linear de elementos de \( V \) continua pertencendo a \( V \) , concluímos que \( V \) é subespaço vetorial. Em particular, esse conjunto é subespaço do espaço de todas as sequências de números reais.
Observação
Em alguns casos, para checar se um conjunto \( X \) é, ou não, subespaço vetorial, é comum verificar primeiro a presença do vetor nulo, denotado por \( 0_{v} \). Assim, se \( 0_{v} \not \in X\), descartamos de imediato a possibilidade de \( X \) ser subespaço, pois isso violaria a hipótese de podermos multiplicar elementos de \( X \) por qualquer escalar \( \alpha \in \mathbb{R} \), inclusive \(\alpha = 0\), e ainda permanecer em \( X \)
Neste exercício, ao mostrarmos que qualquer combinação linear de elementos de \( V \) continua pertencendo a \( V \), ficou implícita a presença do vetor nulo. De fato, nesse caso, \( 0_{v} \) seria uma sequência constante de zeros, que realmente satisfaz a equação \( (1)\). Afinal:
\( 0 + n0 - (n-1)0 = 0 \)